sábado, 26 de setembro de 2015

O que é "família"?


Esse assunto é grade motivo de discussões atualmente. Ideias antagônicas vivem em choque quando essa questão e levantada. Mas enfim, o que é de fato, uma família?

É muito comum vermos mães solteiras cuidando de 1 ou mais filhos, ou netos criados pelos avós, casais que adotam crianças, casais que não tem filhos, seja por limitações biológicas, ou pelo simples fato de não desejarem ter, casais homossexuais ou transsexuais, com ou sem filhos adotivos. Mas enfim, seriam todos modelos de família? A resposta é: SIM! Família é todo núcleo formado por pessoas que se amam, independente do modelo a ser seguido.

O grande problema é que essa essência do que seria uma família, embora seja tão simples, é completamente ignorada por grande parte das pessoas. Essa essência é o amor, sem o qual, se tornaria impossível a formação de qualquer família. Muitas pessoas defendem o modelo "tradicional" de família, como o único legítimo. O famoso modelo do comercial de margarina (homem + mulher + criança), com a justificativa de que apenas um casal tradicional, pode vir a gerar um filho. 

Infelizmente ao sustentarem esse tipo de ideia, quase todas as pessoas se esquecem que as crianças abandonadas à própria sorte, são justamente fruto de um casal tradicional inconsequente, que ao gerar o filho(a), resolvem abandonar em cestos de lixo, rios, e as que têm sorte, são deixadas em orfanatos, onde passam a vida inteira esperando por algum casal que esteja disposto a dar a elas o amor que outrora lhes foi negado pelos progenitores.

E quem são as principais pessoas que procuram adotá-las? Justamente aqueles casais que não podem gerá-las espontaneamente. Casais estéreis e casais homoafetivos e transexuais, ou de homem cis com mulher trans* e vice-versa. Casais ditos "tradicionais", colocam a adoção bem no final da lista, onde fica esquecida. Enquanto isso, milhares de crianças, crescem nos orfanatos, onde depois de certo tempo são postas na rua, por não estarem mais na idade de permanecerem na instituição. Muitos passam o resto de suas vidas, sem conhecer o amor, carinho, afeto e segurança de uma família. Seria isso justo? Todos os modelos de família, devem ser assistidos pelo Estado em igualdade de direitos. 

A recente aprovação do Projeto de Lei 6583/13, o infame "Estatuto da Família", que define a família como o núcleo formado a partir da união entre um homem e uma mulher, foi um dos maiores retrocessos já feitos em nosso país. O projeto agora pode passar pelo plenário da Câmara e seguir para o Senado. A aprovação foi em sentido contrário à decisão do Supremo Tribunal Federal, o qual em 2013 decidiu que o casamento era um direito de todos, sendo irrelevante a orientação sexual.

Se esse estatuto irá ou não afetar diretamente famílias homoafetivas, transexuais, dentre outras que não se encaixam no no modelo padrão, caso venha a ser aprovada na Câmara e no Senado, o que pessoas sensatas esperam que não, só saberemos quando for posta em prática, pois o texto redigido apesar de aparentemente não afetar diretamente, sabemos que sempre há brechas que podem ser usadas para o bem ou para o mal. E você, o que entende por "família"?

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Um breve desabafo


Oi pessoal, desta vez estarei fazendo um texto um pouco diferente, pois falarei de mim mesma. Um breve desabafo  a respeito dos diversos questionamentos, equívocos e situações, muitas vezes constrangedoras, que assim como acontecem comigo, acontecem também diariamente com todas as pessoas inseridas na comunidade trans*.

Para quem não sabe ainda, meu nome é Samara Diamond, mulher trans* e criadora desse blog "Por Um Mundo Mais Humano". Sou uma mulher bem resolvida, feliz após ter finalmente criado coragem de assumir minha identidade trans* a alguns anos, o que me conferiu um sentimento libertador, pois a partir de então, eu não precisaria mais corresponder às expectativas do que seria o "moralmente aceitável". Embora quando criança eu não compreendesse o que seria esse sentimento, eu sempre gostei muito de "coisas de menina". Gostava de bonecas, maquiagens, usava, às escondidas, as roupas de minha mãe, salto altos, etc, e sentia uma inegável atração por garotos. No entanto, devido à educação que me foi dada, eu reprimia esses sentimentos e preferências. Não que necessariamente para ser menina tenha que gostar exclusivamente de coisas ditas "de menina". Eu sempre fui bem eclética nesse sentido e ainda sou.

Viver em uma família cis-heteronormativa e altamente regida por dogmas religiosos não é nada fácil. Precisei viver uma vida dupla por muitos anos. Para uma pessoa trans*, entre a década de 80 e o início do século XXI, não era fácil se assumir. Assumir-se como LGBT, principalmente trans*, era praticamente 90% de chance de ser expulsx da família e viver à margem da sociedade. Hoje os tempos mudaram, a comunidade trans está ganhando cada vez mais visibilidade e representatividade nos mais diversos meios. Entretanto, ainda somos carentes de políticas públicas e leis que nos garantam a cidadania e dignidade humana e embora a comunidade LGBT em geral tenha conquistado muitas coisas, infelizmente no decorrer dos anos de militância, sempre focaram mais no segmento cis da sigla, deixando-nos mais uma vez à margem do próprio segmento. Apenas recentemente começaram a ser adotadas medidas que promovam um resgate à cidadania para as pessoas trans*, mas ainda não é em todo o território nacional.

Não raro, ainda sou chamada pelo meu prenome masculino e tratada como "ele". Ainda preciso fazer o uso de meu nome de nascimento nas mais diversas situações, onde infelizmente, as pessoas transgênerxs ainda não têm os seus direitos respeitados. Situações que por vezes acabam por serem vexatórias a partir do momento em que a pessoa me chama em voz alta pelo prenome masculino, ignorando totalmente o meu nome social, na frente de diversas pessoas. Pessoas próximas, inclusive familiares, que tendem a fazer o mesmo constantemente, ou que quando resolvem me chamar pelo nome "Samara", o fazem em um tom um tanto quanto "duvidoso", com uma certa dose de ironia no tom de fala. Por esse motivo, faz-se necessária a aprovação da Lei João W Nery o PLC 5002/2013, que assegura à comunidade trans* o direito de mudar seu nome em todos os registros oficiais, de forma definitiva e despatologizando a transexualidade. O PLC 122/2006 Pela Equiparação da LGBTfobia ao racismo, embora controverso e polêmico, se faz necessário, sendo porém necessário alguns ajustes para evitar punições excessivas para crimes mais brandos.

Oportunidades de emprego que são negadas constantemente, pelo simples fato de exercer abertamente minha identidade de gênero, da qual tenho muito orgulho e não abrirei mão dela em hipótese alguma para conseguir um emprego. Por não corresponder ao padrão "ideal" de mulher trans*, pois ainda possuo certas características um tanto masculinas (a exemplo do meu timbre de voz), não é raro passar por situações do tipo.

Piadas diversas, ou excesso de "intimidade" de alguns homens, por exemplo, que nos vêem como meros objetos sexuais, as chamadas "bonecas", ou "t-gatas", que nos desumanizam e esquecem que acima de tudo somos seres humanos lutando por um espaço na sociedade que tanto nos reprime. Infelizmente, até mesmo entre a comunidade LGBT não é raro ocorrer uma segregação que nos coloca de fora de muitos dos projetos. Na maioria dos casos, projetos voltados para a comunidade LGBT contempla somente aos cisgêneros, esquecendo-se em seus textos por muitas vezes de incluir a população trans*. Falam de família homoafetiva, mas nunca mencionam famílias formadas por pessoas trans*, que podem ser homem trans* x mulher trans*, homem cis x mulher trans*, homem cis x homem trans*, mulher cisx mulher trans*, casais de homens trans*, casais de mulheres trans*, etc., com ou sem adoção de crianças. O próprio PLC 122/06 foi criado pensando exclusivamente na homofobia a priori, mas devido a reclamações agora é pensado também na transfobia.

Não tem nada pior para uma mulher, do que um homem que lhe passa a mão, pelo simples fato de você passar por ele, ou que simplesmente ao te conhecerem já te enxergam meramente como uma profissional do sexo e chegam de uma forma nada polida, para solicitar serviços sexuais. Não desmerecendo xs profissionais do sexo, pois a prostituição é uma prestação de serviços como qualquer outra e tal atividade deve sim ser respeitada e DEVIDAMENTE REMUNERADA! 

Muitos ainda, quando estão com amigos, conhecidos ou colegas, ao passar uma travesti, ou uma transexual, costumam sempre fazer aquelas brincadeirinhas infelizes: " - Olha lá velho, vai não? É toda sua!"... "- Ôxe tá doido? Eu gosto é de 'rachada', fica para você!" Será mesmo que eles acham que alguma de nós se interessaria por algum deles, eu me pergunto... É quase como se tivéssemos a obrigação de sair fazendo sexo com qualquer homem que aparece em nossa frente.

Por conta disso, não é raro muitos deles ao invés de pagarem pelo serviço, no caso dxs profissionais do sexo, negam-se a pagar e ainda muitos usam do discurso "ainda deu sorte que eu quis te comer"... Lamentável... Isso quando não falam: "Eu não dou dinheiro para comer minha mulher, eu vou pagar para comer um viado?" Ou simplesmente quando são solteiros, dizem querer se envolver não apenas sexual, mas afetivamente com a pessoa, mas não quer que ninguém saiba, entre outros exemplos. Muitos confundem sexualidade com identidade de gênero, pensando que são a mesma coisa. Por isso, costumam chamar as mulheres trans* de "viados", termo pejorativo utilizado para designar homens cisgêneros homossexuais.

As pessoas ainda precisam aprender a respeito da diferença existente entre identidade de gênero e orientação sexual. Na comunidade trans*, as orientações sexuais seguem a mesma linha existente nos cisgêneros. Existem hétero, homo, bi, pan, assexuais, etc... Por isso seria tão importante a implantação da discussão em salas de aula acerca da multiplicidade humana no que tange à sexualidade e gênero. Não somos seres binários, embora a maioria das pessoas ainda pense dessa forma. Criarmos uma cultura de paz, empatia e respeito à diversidade é essencial para que situações vividas por pessoas como eu não sejam mais consideradas "naturais". 

Não é fácil. Vivo numa luta diária para obter pelo menos um mínimo de respeito e tento atualmente lutar para que outrxs transgênerxs também acordem para a necessidade de lutar pelos direitos que nos foram usurpados de forma cruel e desumana.


OBS: Tenho plena consciência da repetição aparentemente excessiva do termo trans* durante todo o texto. Isso foi feito de forma proposital para enfatizar a problemática vivida pelo segmento, de forma a englobar todos os transgêneros (homens trans, mulheres transsexuais, travestis, dentre muitos outros)

domingo, 13 de setembro de 2015

Ser LGBT é fácil? Então por quê algumas pessoas ainda insistem em chamar de "opção"?

Quem é membro da comunidade LGBT, já deve estar careca de ouvir as mais diversas pessoas chamando nossa condição de "opção sexual"... No entanto, será mesmo que seria isso uma opção, ou uma característica intrínseca da complexidade e diversidade humana?

Serei breve em minhas palavras para ser o mais didática e prática possível e dessa forma, facilitar a assimilação para as mais diversas pessoas. Há muitos anos atrás, a sexualidade humana era muito mal compreendida e tudo o que destoasse do que era julgado comum, era tratado como aberração, subversão, perversão, etc. Um gay, uma lésbica, uma pessoa trans*, não eram enxergadas como pessoas normais. Eram tidas como subversivas, pervertidas, doentes mentais, dentre muitas outras denominações.


Isso partia da premissa de que nós LGBTs "escolhíamos" gostar de pessoas do mesmo sexo, ou no casos da comunidade trans*, da qual faço parte, que "escolhíamos" nos transformar em algo que não somos, como se fantasiássemos ou vivêssemos em um estado de loucura, ou algo parecido. No entanto, a ciência moderna já tem noção em grande parte, apesar de ainda haver muitas divergências no meio, o que é normal na comunidade científica, de que isso é uma condição inerente de cada pessoa em particular. Que nascemos com essas características e portanto não é algo que se escolha por livre e espontânea vontade.

Orientação sexual, como muitos hoje já sabem, trata-se de a quem se dirige o seu interesse afetivo e sexual e a identidade de gênero, trata-se de como cada um(a) se compreende como pessoa. Não que um rapaz heterossexual e cisgênero vá da noite para o dia decidir virar homossexual, muito menos transgênero, ou vice-versa. O mesmo vale para as mulheres. A sexualidade humana consiste de inúmeros espectros, que fogem completamente da binaridade homem x mulher; masculino x feminino;  pênis x vagina.


Por conta da falta de compreensão acerca de nossa realidade, as pessoas ainda relutam em aceitar e respeitar-nos como seres humanos normais. O segmento LGBT sofre constantes abusos e represálias por conta de pessoas preconceituosas, que podem variar desde um leve comentário infeliz, piadinhas, até mesmo agressões físicas que algumas vezes acabam por culminar em mortes violentas.


O modelo heteronormativo gravado no inconsciente coletivo consiste ainda num entrave para a evolução da comunidade LGBT na luta pelos direitos humanos que nos são negados. O mercado de trabalho, principalmente para a população trans*, é "blindado" contra pessoas que não condizem com o "modelo ideal" exigido pelas empresas.

Portanto, se as pessoas pararem para analisar essa realidade, poderão perceber que não se trata de uma escolha, afinal, ninguém escolheria por mero capricho, ter atração sexual por indivíduos do mesmo sexo, ou ser afeminado, ou masculinizada, ou mesmo ser trans*. Ninguém em sã consciência escolheria viver à margem da sociedade, ser humilhadx, perseguidx, estigmatizadx e violentadx por uma sociedade preconceituosa. E não, ser gay, lésbica, bissexual, ou transgênerx, não é um problema mental.

O segredo para termos um mundo melhor para todos, é aprendermos a cultura da paz e da aceitação das diversidades que nos cercam. Não apenas em termos de sexualidade, mas étnicos, religiosos, poder aquisitivo, etc. É preciso que se comece a desconstruir a partir da infância nas escolas e nas famílias, todo e qualquer tipo de preconceito e censura. Tabus só nos mantém presxs na idade média, sendo que vivemos em pleno século XXI.

domingo, 6 de setembro de 2015

Conheçam Luiza Coppieters: Professora, mulher lésbica e transexual, com muito orgulho

Luiza Coppieters, mulher lésbica e transexual. Depois de assumir sua transexualidade com o apoio de seus alunos, foi demitida, vítima da transfobia que imperava na institiuição de ensino. Hoje é militante ativa e um ícone na luta contra a transfobia nas instituições de ensino e no mercado de trabalho formal.

De uns tempos para cá, algumas pessoas devem ter tomado conhecimento da história de uma professora que teve a coragem de assumir sua transexualidade, se libertando assim das amarras que a prendiam e privavam da felicidade. Vítima de transfobia, ainda existente nas instituições de ensino, acabou sendo demitida após ela (antes ele), resolver assumir sua real identidade. Seu nome é Luiza Coppieters. Mulher lésbica e transexual! Mulher de fibra e coragem que hoje ostenta com orgulho seu verdadeiro eu.

Professora por profissão, Luiza sempre foi dedicada ao seu trabalho e seus alunos. Só que ela não foi Luiza a vida inteira. Nasceu como Luiz e era professor de filosofia. Seus alunos a amavam muito, mas embora Luiza tivesse consciência de sua verdadeira identidade de gênero, se via obrigada a vestir-se como homem, por medo da rejeição da sociedade e principalmente de seus amados alunos. Não era de se estranhar que ela não se sentisse bem, encarnando um papel que não era real.

Hoje, feliz com sua identidade de gênero reconhecida e plenamente realizada como mulher, Luiza inspira pessoas que ficaram conhecendo a sua história.


Certo dia, Luiza se abriu para seus alunos, contou sua evidente identidade transexual (ela já era bastante feminina, apesar das roupas), de certa forma apreensiva, pensando que a reação dos pais dos alunos seria negativa, já que da parte deles ela esperava o melhor.  E ficou bastante emocionada ao ouvir as palavras de apoio deles. Ao invés de reprová-la, os alunos a encorajaram a dar as aulas como Luiza, mulher, da forma como ela se sente bem. Foi um grande alívio para ela, que acabou por livrar-se de um enorme fardo.

HQ lançada recentemente, conta a história de Luiza Coppieters e os dilemas que ela enfrentou até assumir abertamente sua transexualidade. Seus ex-alunos a apoiaram até o fim.

No entanto, não era apenas essa a sua preocupação. Acontece que infelizmente, para a população "T", é extremamente difícil se encaixar no mercado formal. O medo de perder o seu emprego e ter que eventualmente viver da prostituição, sempre a assombrou. Infelizmente, embora seus alunos a tenham aceitado naturalmente, muitas pessoas se sentiam incomodadas em ter em sala de aula, uma mulher transexual, como professora, o que culminou em sua demissão.

Embora ainda esteja desempregada devido a uma demissão claramente motivada por transfobia, Luiza Coppieters, não caiu na prostituição, o que seria caminho comum para a maioria absoluta das mulheres trans (travestis e transexuais) no Brasil.  E também nem conseguiria, já que sua orientação sexual, lésbica, e seus princípios não permitem que ela se relacione com homens, mesmo que por sobrevivência. Atualmente, ela faz palestras, além de ajudas de pessoas que a apoiam. Saudosa de seus tempos em salas de aula, pretende voltar a lecionar em um futuro próximo.

Infelizmente, essa é a dura realidade no Brasil. A população LGBT, principalmente o segmento "T", é duramente perseguida e discriminada em todos os ambientes. O mercado de trabalho encontra-se quase completamente fechado para essa parcela da população. A prostituição acaba por ser a única opção para a maioria das transsexuais e travestis. Não importa o nível de instrução, se tem nível superior, mestrado e/ou doutorado. Se não tiver uma sorte sobre-humana - pois aptidão e escolaridade não contam - é praticamente impossível conseguir se inserir no mercado de trabalho formal.

Outro fato alarmante é a alta taxa de evasão escolar por muitas destas pessoas, que por não suportarem mais passarem por tantos preconceitos, acabam abandonando as instituições de ensino. Nem todas conseguem concluir o ensino fundamental, muito menos o ensino médio e acabam se formando na "escola da vida", que nem sempre nos ensina coisas boas. 

Enquanto não forem criadas políticas públicas para a população "T", principalmente que assegurem o direito a se qualificarem para o mercado de trabalho de forma digna e igualitária, enquanto nas escolas também não forem adotadas condutas e ensinos inclusivos, que tratem de forma natural temas como orientação sexual e identidade de gênero e ensinarem a respeitar e conviver com as diferenças, nunca veremos esse quadro se reverter.

Nós, "Luizas", "Samaras" e "Vivianys" da vida, dentre muitas outras, apenas procuramos aceitação, respeito e reconhecimento da sociedade, pois todo ser humano tem direitos primordiais que deveriam ser garantidos e respeitados. Se infelizmente, embora sejamos teoricamente amparadas pela Constituição Federal de 1988 (CF/88), não temos nossos direitos garantidos e postos em prática, só nos resta lutar pela implementação de tais direitos através de PLs (Projetos de Lei), através da militância que ganha cada vez mais força, para que possamos assim abrir os olhos da sociedade para a nossa existência e para o nosso apelo pelo fim da crucificação do nosso segmento.

Luiza Coppieters pode ter perdido seu emprego como professora, mas ganhou muito mais. Ganhou a admiração de seus alunos e pessoas próximas, ganhou uma liberdade nunca antes experimentada e também é hoje inspiração para a população trans (transexuais e travesitis), mostrando que temos que nos orgulhar de quem somos e não ter medo de lutar por nosos direitos.