domingo, 13 de setembro de 2015

Ser LGBT é fácil? Então por quê algumas pessoas ainda insistem em chamar de "opção"?

Quem é membro da comunidade LGBT, já deve estar careca de ouvir as mais diversas pessoas chamando nossa condição de "opção sexual"... No entanto, será mesmo que seria isso uma opção, ou uma característica intrínseca da complexidade e diversidade humana?

Serei breve em minhas palavras para ser o mais didática e prática possível e dessa forma, facilitar a assimilação para as mais diversas pessoas. Há muitos anos atrás, a sexualidade humana era muito mal compreendida e tudo o que destoasse do que era julgado comum, era tratado como aberração, subversão, perversão, etc. Um gay, uma lésbica, uma pessoa trans*, não eram enxergadas como pessoas normais. Eram tidas como subversivas, pervertidas, doentes mentais, dentre muitas outras denominações.


Isso partia da premissa de que nós LGBTs "escolhíamos" gostar de pessoas do mesmo sexo, ou no casos da comunidade trans*, da qual faço parte, que "escolhíamos" nos transformar em algo que não somos, como se fantasiássemos ou vivêssemos em um estado de loucura, ou algo parecido. No entanto, a ciência moderna já tem noção em grande parte, apesar de ainda haver muitas divergências no meio, o que é normal na comunidade científica, de que isso é uma condição inerente de cada pessoa em particular. Que nascemos com essas características e portanto não é algo que se escolha por livre e espontânea vontade.

Orientação sexual, como muitos hoje já sabem, trata-se de a quem se dirige o seu interesse afetivo e sexual e a identidade de gênero, trata-se de como cada um(a) se compreende como pessoa. Não que um rapaz heterossexual e cisgênero vá da noite para o dia decidir virar homossexual, muito menos transgênero, ou vice-versa. O mesmo vale para as mulheres. A sexualidade humana consiste de inúmeros espectros, que fogem completamente da binaridade homem x mulher; masculino x feminino;  pênis x vagina.


Por conta da falta de compreensão acerca de nossa realidade, as pessoas ainda relutam em aceitar e respeitar-nos como seres humanos normais. O segmento LGBT sofre constantes abusos e represálias por conta de pessoas preconceituosas, que podem variar desde um leve comentário infeliz, piadinhas, até mesmo agressões físicas que algumas vezes acabam por culminar em mortes violentas.


O modelo heteronormativo gravado no inconsciente coletivo consiste ainda num entrave para a evolução da comunidade LGBT na luta pelos direitos humanos que nos são negados. O mercado de trabalho, principalmente para a população trans*, é "blindado" contra pessoas que não condizem com o "modelo ideal" exigido pelas empresas.

Portanto, se as pessoas pararem para analisar essa realidade, poderão perceber que não se trata de uma escolha, afinal, ninguém escolheria por mero capricho, ter atração sexual por indivíduos do mesmo sexo, ou ser afeminado, ou masculinizada, ou mesmo ser trans*. Ninguém em sã consciência escolheria viver à margem da sociedade, ser humilhadx, perseguidx, estigmatizadx e violentadx por uma sociedade preconceituosa. E não, ser gay, lésbica, bissexual, ou transgênerx, não é um problema mental.

O segredo para termos um mundo melhor para todos, é aprendermos a cultura da paz e da aceitação das diversidades que nos cercam. Não apenas em termos de sexualidade, mas étnicos, religiosos, poder aquisitivo, etc. É preciso que se comece a desconstruir a partir da infância nas escolas e nas famílias, todo e qualquer tipo de preconceito e censura. Tabus só nos mantém presxs na idade média, sendo que vivemos em pleno século XXI.

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