terça-feira, 20 de junho de 2017

A MONOGAMIA É UM ENGODO??


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"O modelo de família é um homem, uma mulher e filhos!" Isso é o que defendem os conservadores, que deslegitimam toda as outras formas de relacionamento. "Poligamia é uma aberração" , "o casal deve ser sempre fiel um ao outro!"... Seria engraçado, se não fosse trágico... Apenas deixo claro que essa é uma análise pessoal, do ponto de vista de alguém que já viveu relacionamentos monogâmicos e que devido a vários fatores, decidiu mudar drasticamente seu modo de pensar um relacionamento e hoje vive abertamente o poliamor. Mas cada um tem sua livre escolha e todas elas devem ser respeitadas.

A sociedade ao longo dos tempos tem se prendido a um ideal de família e de relacionamento completamente engessado e tóxico. Ao dizer que o modelo de família se resume a um homem e uma mulher (cis) e filhos, negam o direito das mais diversas configurações familiares existentes a serem consideradas e respeitadas como tal. Família existe nas mais diversas configurações. Uma casa onde moram várias pessoas, como amigos por exemplo, é um tipo de família. Uma mãe solteira que cria seu filho sem o auxílio do pai, também é uma família e o mesmo para pais que criam seus filhos sozinhos sem a presença da mãe. Avós que criam netos, tios que criam sobrinhos, casais que não t^m filhos, seja por opção, ou pela impossibilidade de gerar devido à esterilidade de um dos pares,casais homoafetivos, que podem ou não ter adotado uma criança, Casais trans x trans, ou cis x trans todos podem e devem ser considerados como famílias.

Mas ainda aí estamos pensando apenas no modelo comumente imposto pela sociedade, de que apenas "casais" podem formar famílias. A verdade é que a cultura da monogamia está fortemente enraizada na sociedade pelo fato de considerarem indigna e ilegítima uma relação onde 3 ou mais pessoas viam juntas, de forma íntima, tanto afetiva quanto sexualmente falando. Mas seria isso realmente parte da natureza humana, ou simplesmente uma imposição, uma criação do homem para ter o controle sobre a vida e terceiros? A resposta para essa pergunta é que na realidade a monogamia não é e nunca foi uma característica natural da natureza humana. 

Não é preciso ir tão longe para explicar esse fato. Com toda certeza, existem milhares de pessoas que se vangloriam de nunca terem traídos seus respectivos parceiros(as), no sentido carnal propriamente dito. Mas ninguém poderia afirmar com veemência, que jamais desejou outra pessoa, mesmo que em pensamento, mas se segurou porque não poderia "trair" seu cônjuge. E dificilmente alguém se sente bem ao ter que reprimir tal desejo, qualquer pessoa normal, inevitavelmente se sentirá mal por não poder ter aquela pessoa que naquele momento é o objeto do seu desejo, mesmo que no momento esteja acompanhado pelo seu parceiro real. Se fosse a monogamia uma característica intrínseca do ser humano, a maioria os casais que se gabam por serem monogâmicos, não procurariam relacionamentos extra-conjugais. 

Por isso, é possível afirmar que, o comportamento monogâmico não é uma característica real, mas sim uma criação humana para controlar os impulsos de cada um, que foge completamente da realidade. Um engodo criado para as pessoas viverem sempre sexualmente reprimidas. Mas claro que cada um pode e deve escolher a forma que acredita ser a ideal para si, sabendo que toda escolha tem consequências. Se obrigar a viver em monogamia, pode passar uma etérea sensação de segurança, mas ao mesmo tempo, ao fazê-lo, é sempre bom ter em mente que a traição sempre existirá, mesmo que não a nível físico, mas também nos pensamentos. Entretanto, não digo que o ideal seja viver um relacionamento não-monogâmico, afinal ao fazer tal escolha, a pessoa também terá que lidar com uma sociedade cuja mente é fechada em uma cultura secular de monogamia como o único relacionamento possível e também não dá para ter tal relacionamento se não tiverem maturidade e respeito.

Monogamia é um engodo? Sem dúvida é! Mas é ruim? Depende do ponto de vista de cada um. Independente de qual modelo de relacionamento cada um resolva seguir, os principais pontos a serem considerados à risca para que qualquer relacionamento são: O respeito, a sinceridade, honestidade, compreensão, cumplicidade e liberdade. O amor não aprisiona, o amor liberta! 

A traição não é o simples ato de se relacionar com outras pessoas além do seu parceiro de costume. Traição é quando uma das partes, ou ambas, seja num casal, um trisal ou um quatrilho, desonram o acordo pré-estabelecido na relação, seja ela de qual modelo for.

domingo, 16 de abril de 2017

Poliamor: Bom ou ruim?


Visto ainda com estranheza por muita gente, o poliamor nunca esteve tão presente nas vidas das pessoas. Não se trata de promiscuidade, mas sim da capacidade de conseguirmos compartilhar nosso amor e nossas vidas, alegrias e tristezas, com mais de uma pessoa. 


Recentemente, muitas pessoas já devem ter se familiarizado com o termo "poliamor", entretanto para outras, ainda é algo desconhecido. O que seria esse modelo não convencional de relacionamento? Ele é benéfico, ou não? Até que ponto ele deve ser considerado viável?

O poliamor é uma forma mais ampla de relacionamento, onde uma pessoa pode ter mais de um cônjuje. Um homem cis/trans com duas mulheres cis/trans, ou com uma mulher e outro homem nas mesmas condições e o mesmo vale para as mulheres. Ou mesmo um trio de homens ou de mulheres, sejam cis ou trans. Geralmente se configuram em trios, dificilmente passando dessa marca, mas podendo se estender para mais pessoas. Entretanto, ao contrário do que se pensa, não se trata simplesmente de ter múltiplos parceiros sexuais, o que configuraria o polisexo, muito mais difundido. Um relacionamento poliamor, envolve sentimento genuíno de todas as partes envolvidas, chegando inclusive a morarem todos debaixo do mesmo teto e dormindo juntos também.

Mesmo com muita gente aderindo ao poliamor, o pensamento machista, muitas vezes ainda impera, fazendo com que sejamos alvo de muitas críticas e preconceitos.


Para muitas pessoas, tal modelo de relacionamento é inconcebível, uma  verdadeira falta de vergonha, ou no linguajar popular, "descaração". Mas a realidade é bem outra. É apenas um relacionamento como qualquer outro, só que as pessoas envolvidas são capazes de amar igualmente mais e uma pessoa e todas se entendem e vivem em harmonia. É um amor desprendido, sem sentimento de posse. Geralmente relacionamentos poliamor de sucesso, não há brigas, ciúmes ou desentendimentos, muito menos competição. todas as partes se "completam". Relacionamentos poliamor podem ser um circulo fechado, ou pode ser aberto, assim como qualquer relacionamento. No entanto, será que todo relacionamento poliamor dá realmente certo?

A resposta e não! Nem todo mundo encontra-se em um nível de maturidade e entendimento necessário para ingressar nesse tipo de relacionamento. Há casos que dão certo e outros que não. Quando o relacionamento não á certo, geralmente acontece porque uma das partes simplesmente sente ciúmes da outra, mesmo afirmando que está tudo bem. O comportamento muda drasticamente. Pessoas que viveram a vida inteira em relacionamentos monogâmicos, encontram sérias dificuldades de se adaptarem a uma nova realidade, onde não haverá uma exclusividade e não poderá enxergar x outrx como uma propriedade. Com isso surgem inúmeros conflitos que acabam por culminar em separações, muitas vezes turbulentas.

Dona Flor e Seus Dois Maridos: Mesmo em tempos ainda tão conservadores, o escritor Jorge Amado já retratou o poliamor de forma irreverente. Só que neste caso, um dos maridos (Vadinho) está apenas presente como espírito, enquanto o outro (Teodoro) ainda está entre os vivos.


O que fazer para um relacionamento poliamor ar certo? A resposta para essa pergunta é que simplesmente, assim como em qualquer relacionamento, mesmo nos monogâmicos, não há garantias no poliamor. Relacionamento afetivo, quase sempre é dar um tiro no escuro e rezar para acertar o alvo certo. Assim é e assim sempre será. Mas algo que pode ajudar, é ser sincerx e francx desde o princípio, quando a outra pessoa lhe propõe um relacionamento. Não pode haver mentiras, é preciso confiança e honestidade de ambas as partes, o que é a parte mais difícil. Geralmente, quem já é adepto do poliamor, não vê problemas em ser honesto desde o princípio. O problema está na outra parte, que geralmente não tem o costume de se relacionar abertamente com mais de uma pessoa. geralmente namoram com uma e pegam outras às escondidas, a famosa traição. Estes, no momento podem até concordar a princípio, mas logo começam a mostrar insatisfação com a situação e por muitas vezes começam a trair seu parceiro ou parceira.

Amar e ser amadx é a maior dádiva que recebemos e é o sentimento mais bonito que existe. Vamos amar mais e julgar menos!


Aí se encontra o grande problema. a partir do momento que a confiança é quebrada, não há mais meios de manter a relação. Então, como fazer para não cair em uma cilada e não se decepcionar em um relacionamento poliamor? Uma coisa importante é antes de qualqer coisa, procurar conhecer bem x futurx pretendente. Um relacionamento sem compromisso, para ver se a pessoa se adequa a esse modelo de relacionamento ou não. Estudar a conduta da outra parte também é importante. Perceber qualquer sinal de insatisfação ou incômodo, estar atentx aos mínimos detalhes, e não entrar de cabeça, deixando que a pessoa entre de vez em sua vida, para não tronar o relacionamento a 3 uma tormenta. Isso sempre dá certo? Não! Mas reduz drasticamente as chances de entrar em um relacionamento que futuramente poderá causar infelicidade às partes envolvidas. Polisexo é mais tranquilo, o famoso "caminho mais fácil ", não há envolvimento afetivo, apenas a busca por prazer e novos parceiros. Mas um relacionamento poliamor é algo que precisa ser muito bem pensado.

É errado? A poligamia, legalmente é considerada crime no Brasil, mas de fato ela sempre existiu. a realidade é que o ser humano é poligâmico por natureza. Aprova disso são os incontáveis casos e traições existentes em casais casados até mesmo na Igreja. Entretanto, questões religiosas e culturais, tornaram a prática deter mais de um cônjuje, algo abjeto, um pecado perante as Leis de Deus, e um crie perante a legislação dos homens.  Olhando por essa ótica parece realmente errado. Mas na prática, apenas nós mesmxs podemos decidir o que é certo ou errado para nossas vidas e o que realmente nos fará felizes e plenos. Entretanto, isso pode mudar. Antigos tabus e paradigmas estão gradualmente sendo desconstruídos e o tabu que gira em torno da monogamia e da não-monogamia poderá ser um deles. Afinal, o relacionamento em si, é de interesse apenas das partes envolvidas e como tal, o desejo das pessoas inseridas no relacionamento deve ser levando em conta. Mas como ainda não há nenhuma legislação que legitime, nem mesmo um projeto de lei voltado para esse fim, provavelmente essa realidade deve demorar de mudar.

O poliamor é para todos! Casais "tradicionais" ou não, todos podem encarar esse modelo de relacionamento com naturalidade.

A pessoa que vos escreve, viveu por muitos meses um relacionamento assim, mas como lhes falo, relacionamento é jogar com a sorte na maioria das vezes. Bem... no meu caso ela não estava a meu favor, mas foi bom enquanto durou. O outro cônjuje, não conseguiu se adequar ao relacionamento e quebrou todo o respeito e confiança que existia, devido à sua imaturidade. Apenas aconselho o poliamor para pessoas que realmente têm um nível de maturidade necessário para mantê-lo. Geralmente, pessoas mais bem esclarecidas têm maior facilidade de se adaptarem. Amar é sempre bom, e quanto mais amamos, mais felizes ficamos! Se pretendo continuar em busca de um relacionamento poliamor? Não, eu não "procuro", apenas deixo que a vida siga o seu curso e se por acaso aparecer alguém apto para o relacionamento, estou sempre aberta à possibilidade de mais um "Vadinho" na minha vida (só que em carne e osso é claro) rsrs.

Vamos todos amar, seja poliamor ou não, e julgar menos os relacionamentos de terceiros, pois não existe um modelo pré-estabelecido, nem uma receita correta de relacionamento, que desmereça as demais.

domingo, 19 de março de 2017

Capitalismo: Um sistema em declínio?





Sabemos que o capitalismo é o sistema econômico dominante em todo o mundo. Este sistema tem se sustentado ao longo dos séculos, promovendo desigualdades e exclusões sociais ao redor do mundo.

Um sistema que beneficia a poucos com o prejuízo da grande maioria. No entanto, ao que parece, o capitalismo começa  enfrentar uma grave crise que poderá culminar em sua substituição por outro tipo de sistema econômico, a médio ou longo prazo, para a alegria de alguns e desespero de outros. Alegria, para a população mais carente, que poderá melhorar a qualidade e o padrão de vida e desespero para os que vivem da desgraça alheia.

Caso o capitalismo viesse a ser substituído por outro sistema econômico, este não poderia mais tentar se sustentar na manutenção das desigualdades sociais, pois na atual conjuntura, são essas desigualdades que estão estagnando a economia do país e também diminuindo a qualidade de vida da população. A busca incessante por mais dinheiro para satisfazer as mais variadas necessidades, criou uma geração estressada e cheia de problemas emocionais, passando a maior parte de suas vidas se dividindo entre pelo menos 2 empregos, muitas vezes sem direito a lazer.

O capitalismo criou uma geração doente e estressada, violenta e desumana. O "ter", está sendo a cada dia mais valorizado que o "ser". É necessário que façamos um esforço para desapegarmos do materialismo capitalista e passarmos a valorizar o ser humano. Igualdade de oportunidades e direitos é fundamental para que a sociedade consiga evoluir.

E ao que parece, com tudo o que temos testemunhado ao longo desses últimos anos, com crises econômicas constantes e infindáveis, guerras civis, protestos que crescem a cada dia, empresas que declaram falência por não conseguir se sustentar diante de tamanho caos econômico que se instalou em todo o mundo, não seria surpresa que cedo ou tarde, pouco a pouco, a população mundial comece a optar por um sistema socio-econômico mais justo e igualitário.

De que adianta manter um modelo econômico que torna cada vez mais difícil as pessoas terem acesso aos bens de consumo? Se um povo não tem poder de compra, os produtos encalham nas prateleiras de lojas e supermercados. Se os estabelecimentos comerciais não conseguem vender, não poderão cobrir seus gastos, muito menos terão algum lucro para se manterem funcionando  obviamente, não terão como pagar seus funcionários e portanto, precisam fechar suas portas. Se os comerciantes não comprarem seus produtos, os produtores e as fábricas também sentirão o baque. É um efeito dominó que se agrava a cada dia.

A única solução? Claro que isso trata-se apenas de meu ponto de vista, porém acredito que a solução seria abolir esse modelo falido e criar outro, pautado em ideais menos materialistas e individualistas, um ideal mais voltado ao socialismo. Não o pseudo-socialismo praticado por inúmeros governantes ao redor do mundo, mas o socialismo em sua verdadeira essência, onde cada um seja parte de um todo, onde ninguém precise passar por privações e não existam tamanha discrepância de classes sociais.

O capitalismo é o grande pivô das guerras existentes, pois toda guerra tem por trás um interesse econômico, de se apropriar das riquezas de determinados países. Sejam jazidas minerais, ou a biodiversidade, ou por ser geograficamente estratégico... Tudo o que possa privilegiar os interesses de lucro dos grandes "magnatas", sem se importarem com o bem-estar dos habitantes, e também sem se preocuparem com os impactos ambientais decorrentes de tudo isso. Até mesmo a religião é utilizada para camuflar tais interesses. Os mais usados para esses fins são os muçulmanos, que devido a toda essa "jogatina", são hoje demonizados, com se fossem todos eles terroristas em potencial, o que sabemos, não é verdade.

O problema é: será que o ego dos ricos e poderosos deixará que isso venha a se cumprir? Pois trazendo para nossa realidade, nosso país, eu digo: Seria preferível viver em um país rico, não apenas por ser rico em biodiversidade e recursos naturais, mas também por ter um povo realmente rico, tanto cultural, quanto financeiramente, sem desigualdades sociais gritantes como vivemos hoje, do que viver eternamente refém de um sistema que mata dia após dia milhares de pessoas, vítimas da fome, doenças e violência provocados por essa desigualdade brutal que nos é imposta.

A humanidade poderá chegar ao seu declínio se os grandes governantes não acordarem para essa realidade, pois uma terceira guerra, se ocorrer, sem dúvidas será fruto da ganância desenfreada dessas pessoas. Os recursos estão ficando cada vez mais escassos devido à ação do próprio homem, que ainda se nega a rever suas práticas e sequer se preocupa com que mundo deixará para as futuras gerações