Construir um mundo melhor
Muitas pessoas se sentem incomodadas com a situação do ambiente onde vivem e querem “construir um mundo melhor” para
seus filhos e netos. Essa expressão é encontrada nos discursos de todas
as manifestações políticas e filosóficas desde que se tem registros
escritos.
No primeiro
momento pode parecer que se está intencionando uma ação sobre a
natureza. Nas últimas décadas tem sido lema de ambientalistas,
preocupados com a degradação que o homem vem infligindo ao planeta com a
utilização de processos e descartes de maneira irresponsável. A industrialização, ao lado dos benefícios, trouxe consequências desastrosas.
A poluição
industrial, que lança milhares de toneladas de dióxido de carbono no
meio ambiente todos os dias, arrebenta com a camada de ozônio e com a
qualidade do ar que respiramos. O uso intensivo de defensivos agrícolas e
inseticidas se, por um lado, aumentaram a produção de alimentos como
nunca visto, jogam em rios, nascentes e mananciais uma quantidade de
veneno que deformam e matam.
As cidades,
essa criação orgulho da humanidade, com milhões de carros, ônibus,
caminhões etc., geram degradação do ambiente e da qualidade de vida. Os
descartes, sobras das atividades industriais, comerciais e vida
doméstica, poluem com materiais que levam séculos para se decompor. Os
mares estão infestados, a terra geme com as montanhas de lixo e tóxicos
despejadas diariamente no solo.
Leis,
políticas e campanhas para controlar e evitar a degradação existem e em
grande escala. Mas, na maioria das vezes, não passam de cartas e
discursos de boas intenções.
O que fica claro é que “construir um mundo melhor” significa ter dois tipos de ações:
A primeira é corretiva.
Corrigir os danos já feitos e minimizar ações que tornam o mundo
“pior”. Campanhas contra a poluição, de todas as formas, é uma das
formas. Selecionar o lixo entre reciclável e orgânico é uma realidade cada vez mais visível, além de ser altamente rentável.
A segunda é preventiva. Criar ações que inibam as pessoas, individualmente ou coletivamente através das organizações, é uma forma positiva de “construir um mundo melhor”.
Mas tudo isso se resume em ações sobre e com as pessoas.
São essas que criaram ou criam um “mundo pior” como esse que está aí. A
violência, real ou simbólica, só existe nas ações das pessoas. Só
vamos construir um mundo melhor se construírmos pessoas melhores,
estruturas sociais mais justas e comprometimento com os valores humanos
acima dos valores econômicos. Você quer “construir um mundo melhor”
para seus filhos, comece se construindo, com ações e atitudes melhores,
com sua família e amigos. O não-fazer nada, entrincheirar-se em um
individualismo egoísta e alienado, já é contribuir para “um mundo pior”.
Fazer o bem
Quanta coisa
essa expressão pode significar! Pode representar ações de amor ao
próximo, oriundas de convicções pessoais, religiosas, filosóficas ou
ideológicas. É a constatação e a compreensão que fazer o bem é construir pontes entre o real e o ideal da concretitude social. Milhares
de pessoas, em qualquer ambiente, precisam de ajuda. Ajuda que pode vir
na forma de um simples prato de comida, até um medicamento ou uma
orientação para um problema vivenciado.
Muitas vezes
se pensa que fazer o bem é desenvolver assistência social. É inegável
que ações sociais, especialmente as emergenciais, tem o seu lugar e
relevância. Mas não se limita e nem se esgota nisso.
Fazer discurso sobre natação para quem está se afogando é, no mínimo, demagógico e infame.
Fazer o bem, pode significar, e muitas vezes significa, criar uma
oportunidade, capacitar para uma ação mais duradoura. Fazer o bem tem de
ser entendido como a construção social através de uma intervenção nas
estruturas que dificultam a vida das pessoas. Essas estruturas
pode em ser sociais, econômicas, emocionais, relacionais e/ou
psicológicas. Se faz o bem ajudando alguém a sair das ruas e tendo um
teto, roupas e comida para uma vida com um mínimo de decência. Se faz o
bem capacitando alguém para conseguir um emprego e um salário que lhe
permita ter dignidade/autonomia econômica para suas necessidades
básicas. Mas também, significa ajudar as pessoas a encontrarem caminhos
para impactos emocionais degradantes, disfunções relacionais ou
psicotraumas que impedem as pessoas de serem pessoal e socialmente
ativas.
Quantas
pessoas, não tendo necessidades materiais, precisam de ajuda para vencer
problemas com doenças, traumas familiares, nós emocionais/pessoais e
não encontram, a não ser nos programas profissionais pagos, muitas vezes
mais preocupados nos resultados financeiros da ação que no real bem
estar das pessoas?
Fazer
o bem e construir o mundo melhor é aquela disposição individual e
coletiva que ao conduzir para ações, geralmente, faz mais bem a quem
pratica que ao “próximo”. Quantas pessoas já se encontraram
realizando ações sociais e comunitárias? Num mundo egoísta e
individualista, existem muitos apelos para despreocupar-se da construção
social. Aqueles que conseguem romper o casulo, descobrem um novo modo
de vida, mais gratificante e socialmente relevantes.
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