Desde a Revolta de Stonewall em 28 de Junho de 1969, até os
dias de hoje, a população LGBT ao redor do mundo segue em sua luta por
igualdade de direitos, respeito, aceitação e dignidade! Uma luta que começou em
Nova York, no bar Stonewall Inn no bairro de Greenwich Village e suas
imediações entre a comunidade LGBT local, que era duramente perseguida, e a
polícia de Nova York. Um ano após o ocorrido, 10 mil pessoas reúnem-se na porta
do bar e iniciam a primeira marcha LGBT. Esse evento é o marco que ficou conhecido
como o Dia Mundial do Orgulho Gay, e inspirou a militância ao redor do mundo.
Nos EUA da década de 60, de acordo com a Associação
Psiquiátrica Americana, a homossexualidade ainda era considerada desordem
mental, e crime punível com penas que variavam de 20 anos à prisão perpétua em
quase todos os estados americanos, com a exceção da cidade de Illinois.
Paradoxalmente, a cidade de Nova York, apesar de conter o
maior segmento LGBT da época, tinha também as mais rígidas leis contra sodomia
(coito anal entre dois indivíduos) do país, chegando inclusive a criar
"esquadrões do vício", para fazer batidas nos bares homossexuais e
prender seus clientes. Não raro, infiltravam policiais disfarçados, em
ambientes públicos de "pegação", a fim de identificar e prender
gays.
A partir do próximo ano letivo, em setembro, A Ruth Asawa School of the Arts,
de San Francisco, terá a disciplina de História LGBT. Os EUA já foram grandes
perseguidores da classe LGBT, mas graças à grande atuação e à união da
militância no país, atualmente testemunhamos uma evolução impressionante, no
que tange à garantia dos direitos para a nossa comunidade.
Um país até pouco tempo atrás considerado retrógrado, vem
sendo palco de diversas conquistas pela população LGBT ao longo dos anos e
reconhecendo-os como cidadãos, seres humanos providos dos mesmos sonhos,
sentimentos, necessidades e aspirações que qualquer pessoa. Tudo isso, é claro,
à base de muita luta, pois lá também a batalha não é fácil. O que muda, é que
nos EUA, a atuação da militância gera frutos mais rapidamente do que em outras
partes do mundo, a exemplo do Brasil.
Durante o curso, será contada a história da Revolta de
Stonewall, a epidemia da AIDS, a história de vida dos ativistas LGBTs, dentre
outros temas ligados à realidade deste segmento. Isso promoverá inclusão,
quebra de paradigmas e consequentemente, pessoas mais respeitosas e desprovidas
de preconceitos.
Infelizmente, em nosso país, testemunhamos acontecer o
processo inverso... O kit contra LGBTfobia que seria adotado nas escolas foi
vetado pela própria presidente, sob pressão da bancada evangélica. Bancada
esta, que de acordo com o Estado laico, nem deveria existir, afinal, em um País
que segue os princípios do laicismo, líderes religiosos, não podem em hipótese
alguma, ter influência em assuntos do Estado. Agora propõem alteração no PME: A
emenda da bancada evangélica exclui os termos "Gênero",
"diversidade sexual" e “LGBT” do Plano Municipal de
Educação (PME).
Rejeitada anteriormente, tal medida voltou à discussão, com
algumas mudanças:
“Foi retirado os termos LGBT e gênero. Também suprimimos o
artigo que dispõe sobre a distribuição de materiais pedagógicos nas escolas
sobre a diversidade sexual”; “Entende-se que não é um assunto a ser falado
dentro da escola, mas sim no âmbito familiar”, afirma Pastor Ezequiel
Bueno (PRB) – líder da bancada evangélica no Legislativo.
Uma corrente fundamentalista da Igreja Católica, a Igreja
Carismática, também defende a exclusão de tais temas das grades de ensinos:
“Cabe a nós não aceitarmos a imposição e intromissão do
Estado na educação moral e de princípios que competem à família”, defendem os
carismáticos.
Segundo o vice-presidente da Câmara e um dos defensores do
PME, Pietro Arnaud (PTB), a bancada evangélica confundiu a comunidade sobre as
metas e diretrizes da educação dos próximos dez anos. “Alguns parlamentares
pretendem confundir a população de que o PME trata da chamada ‘Ideologia e
Gênero’, quando o que o PME trata sim é da ‘Educação de Gênero’”, disse. “Ao
lermos o projeto, não se trata de distribuição de Kit Gay para crianças,
banheiros para meninas e meninos, ou afirmar que as mulheres poderão ser
chamadas de meninos ou vice versa”, concluiu.
Sabemos que a grande causa da violência é a exclusão social.
Ao implementar o ensino inclusivo para a população LGBT, estaríamos
reduzindo consideravelmente a quantidade dessa camada da população vivendo da
prostituição, diminuiríamos drasticamente o índice de violências
homotransfóbicas e teríamos a partir de então, um novo cenário a ser pintado na
realidade de nossa sociedade. Onde todos teriam iguais oportunidades na vida,
inclusive a população LGBT, onde esta comunidade, hoje ainda tão oprimida,
poderia vislumbrar um futuro melhor, uma perspectiva e qualidade de vida que
dificilmente conseguimos conquistar nas atuais condições.
Tal emenda proposta pela bancada evangélica, é extremamente
perigosa, pois estimula a intolerância desde cedo nas crianças. Tentam
convencer as pessoas de que o PME, trazendo a educação inclusiva, abordando as
questões das diversidades sexuais e de gênero, estimulariam as pessoas a
mudarem sua orientação sexual ou identidade de gênero da noite para o dia, como
se orientação sexual ou identidade de gênero fossem uma escolha do indivíduo. A
real intenção nessa questão, é influenciar no respeito e não fazer lavagens
cerebrais, para “converter” héteros em homossexuais, ou cisgêneros em
transgêneros.
Para conseguirmos conquistar um novo patamar em nossa
história, precisamos quebrar esses paradigmas, garantir amparo a uma parcela da
população constantemente perseguida e estigmatizada perante a sociedade, espaço
no mercado de trabalho em pé de igualdade com os ademais, condições de
frequentar colégios e universidades, sem receios de sofrer perseguições ou
represálias, para que possamos andar nas ruas com a mesma relativa segurança
garantida a todos, que cessem os casos de violências motivadas pela LGBTfobia.
Todos têm igual direito de ir e vir, garantido pela
Constituição, temos também direito de amar e ser amados expressar gestos de
carinho, amor e afeto, como qualquer casal normal. Casar, constituir família,
ter projetos de vida juntos, são sonhos de todos os casais inseridos na
comunidade LGBT. Uma família constituída por dois pais e um(a) filho(a), ou
duas mães e uma criança, ou mesmo casais trans, dentre muitos outros, não vão
afetar em nada as demais famílias! Cada qual cuidará da educação e formação de
suas crianças da melhor forma possível, independente da configuração familiar.
O amor, não deveria ser algo colocado em discussão, pois
trata-se de algo subjetivo e inerente ao ser humano e todos são igualmente
capazes de amar e têm o direito de vivenciar e compartilhar esse sentimento.
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