sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Escola dos EUA terá aulas de História LGBT! Enquanto isso, no Brasil....


Desde a Revolta de Stonewall em 28 de Junho de 1969, até os dias de hoje, a população LGBT ao redor do mundo segue em sua luta por igualdade de direitos, respeito, aceitação e dignidade! Uma luta que começou em Nova York, no bar Stonewall Inn no bairro de Greenwich Village e suas imediações entre a comunidade LGBT local, que era duramente perseguida, e a polícia de Nova York. Um ano após o ocorrido, 10 mil pessoas reúnem-se na porta do bar e iniciam a primeira marcha LGBT. Esse evento é o marco que ficou conhecido como o Dia Mundial do Orgulho Gay, e inspirou a militância ao redor do mundo.

Nos EUA da década de 60, de acordo com a Associação Psiquiátrica Americana, a homossexualidade ainda era considerada desordem mental, e crime punível com penas que variavam de 20 anos à prisão perpétua em quase todos os estados americanos, com a exceção da cidade de Illinois.

Paradoxalmente, a cidade de Nova York, apesar de conter o maior segmento LGBT da época, tinha também as mais rígidas leis contra sodomia (coito anal entre dois indivíduos) do país, chegando inclusive a criar "esquadrões do vício", para fazer batidas nos bares homossexuais e prender seus clientes. Não raro, infiltravam policiais disfarçados, em ambientes públicos de "pegação", a fim de identificar e prender gays. 




A partir do próximo ano letivo, em setembro, A Ruth Asawa School of the Arts, de San Francisco, terá a disciplina de História LGBT. Os EUA já foram grandes perseguidores da classe LGBT, mas graças à grande atuação e à união da militância no país, atualmente testemunhamos uma evolução impressionante, no que tange à garantia dos direitos para a nossa comunidade.  

Um país até pouco tempo atrás considerado retrógrado, vem sendo palco de diversas conquistas pela população LGBT ao longo dos anos e reconhecendo-os como cidadãos, seres humanos providos dos mesmos sonhos, sentimentos, necessidades e aspirações que qualquer pessoa. Tudo isso, é claro, à base de muita luta, pois lá também a batalha não é fácil. O que muda, é que nos EUA, a atuação da militância gera frutos mais rapidamente do que em outras partes do mundo, a exemplo do Brasil.

Durante o curso, será contada a história da Revolta de Stonewall, a epidemia da AIDS, a história de vida dos ativistas LGBTs, dentre outros temas ligados à realidade deste segmento. Isso promoverá inclusão, quebra de paradigmas e consequentemente, pessoas mais respeitosas e desprovidas de preconceitos.

Infelizmente, em nosso país, testemunhamos acontecer o processo inverso... O kit contra LGBTfobia que seria adotado nas escolas foi vetado pela própria presidente, sob pressão da bancada evangélica. Bancada esta, que de acordo com o Estado laico, nem deveria existir, afinal, em um País que segue os princípios do laicismo, líderes religiosos, não podem em hipótese alguma, ter influência em assuntos do Estado. Agora propõem alteração no PME: A emenda da bancada evangélica exclui os termos "Gênero", "diversidade sexual" e “LGBT” do Plano Municipal de Educação (PME). 

Rejeitada anteriormente, tal medida voltou à discussão, com algumas mudanças:

“Foi retirado os termos LGBT e gênero. Também suprimimos o artigo que dispõe sobre a distribuição de materiais pedagógicos nas escolas sobre a diversidade sexual”; “Entende-se que não é um assunto a ser falado dentro da escola, mas sim no âmbito familiar”, afirma Pastor Ezequiel Bueno (PRB) – líder da bancada evangélica no Legislativo.

Uma corrente fundamentalista da Igreja Católica, a Igreja Carismática, também defende a exclusão de tais temas das grades de ensinos:

“Cabe a nós não aceitarmos a imposição e intromissão do Estado na educação moral e de princípios que competem à família”, defendem os carismáticos.

Segundo o vice-presidente da Câmara e um dos defensores do PME, Pietro Arnaud (PTB), a bancada evangélica confundiu a comunidade sobre as metas e diretrizes da educação dos próximos dez anos. “Alguns parlamentares pretendem confundir a população de que o PME trata da chamada ‘Ideologia e Gênero’, quando o que o PME trata sim é da ‘Educação de Gênero’”, disse. “Ao lermos o projeto, não se trata de distribuição de Kit Gay para crianças, banheiros para meninas e meninos, ou afirmar que as mulheres poderão ser chamadas de meninos ou vice versa”, concluiu.

Sabemos que a grande causa da violência é a exclusão social. Ao implementar o ensino inclusivo para a população LGBT, estaríamos reduzindo consideravelmente a quantidade dessa camada da população vivendo da prostituição, diminuiríamos drasticamente o índice de violências homotransfóbicas e teríamos a partir de então, um novo cenário a ser pintado na realidade de nossa sociedade. Onde todos teriam iguais oportunidades na vida, inclusive a população LGBT, onde esta comunidade, hoje ainda tão oprimida, poderia vislumbrar um futuro melhor, uma perspectiva e qualidade de vida que dificilmente conseguimos conquistar nas atuais condições.

Tal emenda proposta pela bancada evangélica, é extremamente perigosa, pois estimula a intolerância desde cedo nas crianças. Tentam convencer as pessoas de que o PME, trazendo a educação inclusiva, abordando as questões das diversidades sexuais e de gênero, estimulariam as pessoas a mudarem sua orientação sexual ou identidade de gênero da noite para o dia, como se orientação sexual ou identidade de gênero fossem uma escolha do indivíduo. A real intenção nessa questão, é influenciar no respeito e não fazer lavagens cerebrais, para “converter” héteros em homossexuais, ou cisgêneros em transgêneros.

Para conseguirmos conquistar um novo patamar em nossa história, precisamos quebrar esses paradigmas, garantir amparo a uma parcela da população constantemente perseguida e estigmatizada perante a sociedade, espaço no mercado de trabalho em pé de igualdade com os ademais, condições de frequentar colégios e universidades, sem receios de sofrer perseguições ou represálias, para que possamos andar nas ruas com a mesma relativa segurança garantida a todos, que cessem os casos de violências motivadas pela LGBTfobia.

Todos têm igual direito de ir e vir, garantido pela Constituição, temos também direito de amar e ser amados expressar gestos de carinho, amor e afeto, como qualquer casal normal. Casar, constituir família, ter projetos de vida juntos, são sonhos de todos os casais inseridos na comunidade LGBT. Uma família constituída por dois pais e um(a) filho(a), ou duas mães e uma criança, ou mesmo casais trans, dentre muitos outros, não vão afetar em nada as demais famílias! Cada qual cuidará da educação e formação de suas crianças da melhor forma possível, independente da configuração familiar.


O amor, não deveria ser algo colocado em discussão, pois trata-se de algo subjetivo e inerente ao ser humano e todos são igualmente capazes de amar e têm o direito de vivenciar e compartilhar esse sentimento.





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